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O desejo de ser repórter

Um combustível clássico do bom jornalista é o desejo incessante de levantar assuntos que vão ao encontro do que a sociedade precisa ver e saber, e que vão de encontro às mazelas e desmandos que nos cercam no dia a dia. Se essa característica do jornalista já não se manifesta durante o período acadêmico, é certo que há algo errado no futuro profissional.

Para a alegria do corpo editorial desta primeira edição do jornal Foca em Foco de 2014, nos deparamos com uma equipe de “estudantes repórteres” (ou seriam “repórteres estudantes”), com gana e desejo patente de reportar fatos de relevância. Com maestria, levantaram assuntos, investigaram fatos, entrevistaram personagens e escreveram bons textos.

Neste ano, contamos, ainda, com a preciosa ajuda do professor Lucaz Mathias no projeto gráfico do nosso jornal. Com uma nova “cara”, o Foca em Foco segue buscando expor conteúdos jornalísticos que primam pela qualidade da informação.

Só nesta edição, você, caro leitor, lerá sobre assuntos polêmicos, como os lamentáveis e criminosos casos de violência contra a mulher, a “novela” dos kits escolares em São José dos Campos, a quantas anda a área cultural da cidade, além de uma pauta bem agradável, que estampa nossa capa, com a temática da solidariedade. Aprecie estes e todos os outros assuntos abordados nesta edição.

Desejamos a você uma excelente leitura!

por Prof.º Fredy Cunha

Caixa de pipoca ou lata de sardinha

Aquela criança não parava de pedir! Repetia sempre a mesma coisa: “Mamãe, me dá a pipoca!”.

Enquanto eu era empurrado e esmagado para subir no ônibus, observava uma linda jovem de cabelos escuros, esforçando-se ao máximo para pagar o pipoqueiro, temendo perder o ônibus que já estava partindo. Quando estava quase sem fôlego, consigo chegar ao cobrador. Por sorte, já estava preparado com o cartão de passe em minhas mãos.

O ônibus dá um tranco logo após eu passar pela catraca e ouço alguém reclamar que bateu a cabeça. Essa parece a única reclamação já que, pelo visto, todos já estão acostumados com esse tipo de ocorrência. Assim como um zagueiro desarma um atacante com um carrinho, aquela mesma criança da pipoca utilizava-se dessa peripécia, mas, dessa vez, para passar por baixo da catraca.

Confesso que não me surpreendi com a cena, já que desde cedo somos instruídos a dar um “jeitinho” para não termos que arcar com algum prejuízo financeiro, o que me faz lembrar da Copa do Mundo.
Um senhor de idade segurava um jornal. No verso, pude ver que se tratava da seção de esportes, na qual a matéria principal descrevia a morte de dois operários na Arena de Itaquera. Mais abaixo, uma manchete mostrava a frase em letras garrafais: “De fracasso em fracasso, o Brasil é campeão”.

Se a nação tivesse todos seus problemas resolvidos, não haveria problemas em sediar uma Copa. Mas acontece que aqui há pobres que se matam pela vida. A nova classe média são os “novos ricos” que se acostumaram a viver na miséria.

Na terra do pau-brasil, tudo foi pilhado. A corrupção é endêmica e o governo, sempre a mando do Banco Central e FMI, faz a pátria cambalear rumo ao desconhecido. O povo brasileiro é ingênuo e preconceituoso por natureza. E é aí que eles são pegos pela propaganda, comprometendo seus orçamentos muito acima do que seria possível.

O ônibus fez mais uma parada e o mesmo senhor de idade, que acompanhava as notícias de futebol, olhou para o garoto que lhe ofereceu a pipoca.

Com um semblante aparentemente feliz, ele aceitou. Não foram necessárias muitas mastigadas para que ele se engasgasse. O Brazil não é igual ao Brasil, que tentam esconder durante o período de festividades, pois o segundo, assim como o “velhinho da pipoca”, só quem o conhece pode dizer que falta pouco para o último suspiro.

por Ivan Carlos Vanzella

A taça de juros

Os acréscimos de um jogo

Há 64 anos, quando o Brasil sediava a primeira Copa do Mundo e a moda continuava sendo o bambolê, cientistas políticos e economistas tiveram que “rebolar” para criar estratégias de estabilização econômica. E hoje? Estamos fazendo direito nossa lição de casa? Independente da sua resposta, o resultado de quem paga o pato, a gente já conhece.

Para desacelerar as dúvidas e incertezas em 1958, Juscelino Kubitschek lançou o PEM - Programa de Estabilização Monetária, para reduzir taxas de inflação sem colocar em risco a execução de um estruturado plano de metas. Assim, considerando o desempenho positivo da economia brasileira numa época de pós-Segunda Guerra Mundial até o advento do movimento militar de 1964, nosso país atingiu o desenvolvimento que se pretendia. Se, naquele mesmo ano, não foi uma Copa a melhor maneira de atingir rápidos resultados de crescimento, na atual Copa perdemos a melhor chance. Afinal, foram previstos investimentos de serviços em infraestrutura de até R$ 30 bilhões.

No Brasil, a Copa já começou no negativo. Além dos outros problemas, a Federação de Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo — Fecomercio/SP, demonstrou preocupação com o impacto negativo dos 64 feriados autorizados com a Lei Geral da Copa.

Segundo o economista e professor da Univap, Roque Mendes, o fato de um megaevento como a Copa não impulsionar o PIB de um país não deve ser um problema exclusivo do Brasil. Um estudo divulgado pela FGV — Fundação Getúlio Vargas, afirma que, apesar da expectativa de que o Mundial elevaria o PIB em 1,5%, em dezembro de 2013 o Banco Central previu um cenário diferente com menos de 1%. Escândalos políticos também foram decisivos para causar desconfiança do mercado internacional. Resultado que podemos observar com o aumento dos juros. Se você não percebeu isso ainda, experimente comer um lanche ou mesmo tomar um sorvete durante a Copa.

O clima de insatisfação já está instalado desde a abertura da Copa das Confederações, quando a presidente Dilma Rousseff e o presidente da FIFA, Joseph Blatter, foram vaiados diante do público presente no estádio Mané Garrincha.

Há dois meses da Copa, manifestações se tornaram frequentes. Portanto, a bola não irá rolar somente 90 minutos dentro de campo. O jogo mais importante pode acontecer fora dele.